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A dissertação de mestrado A Tradição Pessoana estuda a influência que a obra e a imagem de Fernando Pessoa tiveram sobre diversos poetas do século XX. Para tal, lemos nomeadamente as obras de Mário Cesariny de Vasconcelos e Ruy Belo. Analisamos a maneira como cada um deles, separadamente, acolhe a poesia e/ou a figura já mítica de Fernando Pessoa. Interrogamos também a influência de Pessoa fora de Portugal, debruçando-nos sobre dois poetas venezuelanos que têm afirmado, em entrevistas, ensaios e poemas, a sua filiação em relação ao poeta português: Rafael Cadenas e Eugenio Montejo. Visitamos assim momentos marcantes da recepção de Pessoa, tanto em Portugal como na Venezuela, concluindo que a obra pessoana é, para estes quatro poetas de linguagens profundamente diferentes, uma herança incontornável. Por outro lado, observamos uma grande diferença entre a aproximação a Pessoa por parte dos autores portugueses e venezuelanos, diferença devida principalmente à profusão de textos sobre Pessoa no universo literário português, mas inexistente na tradição venezuelana. Constatamos, finalmente, num sentido borgesiano, que estes textos transformam a relação entre os leitores e a obra e figura de Fernando Pessoa. Seja porque o questionam, como no caso de Cesariny, seja o elogiam, como em Montejo, estes quatro poetas obrigam-nos a voltar a Pessoa por uma nova perspectiva; ou, mais rigorosamente, revelam a partir das suas próprias palavras um novo Pessoa. |