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O voluntariado pode caraterizar-se por uma "viagem de solidariedade" (CE, 2011), sendo um meio de desenvolvimento de competências (Johnson, 2015; Khasanzyanova, 2017; Silva et al., 2017). Os voluntários apontam a capacidade de mobilizar essas competências para outros contextos (Duguid et al., 2013; Khasanzyanova, 2017). Embora o voluntariado tenha um impacto positivo na empregabilidade, atuando como uma rota para o emprego (Paine et al., 2013; Rochester et al., 2009), o modo como as competências desenvolvidas neste contexto são valorizadas pelo mercado de trabalho é uma matéria pouco investigada (Khasanzyanova, 2017). A presente investigação teve como principal objetivo identificar as potencialidades, aprendizagens e competências desenvolvidas através do voluntariado, bem como compreender as perceções dos voluntários relativas ao modo como o voluntariado é valorizado pelos empregadores e como eles próprios valorizam essa experiência. A amostra foi constituída por dez indivíduos, cuja vivência de voluntariado antecedeu a primeira experiência laboral. Utilizou-se uma metodologia qualitativa, com recurso à entrevista semiestruturada. Os resultados apontam para o voluntariado como uma oportunidade de aprendizagem, que possibilita conhecer outras realidades, a partilha e reflexão entre voluntários e uma maior abertura e comunicação. Decorrente da relação estabelecida com o público alvo, denota-se um foco no serviço, um sentido de compromisso, passando os voluntários valores ao público alvo, sentindo-se mais úteis e percecionando reciprocidade do voluntariado. As competências mais desenvolvidas através do voluntariado foram a empatia, o trabalho em equipa e a capacidade de adaptação. Os empregadores, por vezes, analisam essa experiência aquando da entrevista de recrutamento, podendo a participação no voluntariado ser um fator decisivo ou, noutros casos, um fator diferenciador, verificando-se, também, que o voluntariado internacional aparece como mais valorizado. Na perspetiva dos voluntários, deve ser uma experiência valorizada, pois é um complemento, uma experiência diferenciadora que permite a construção de valores e o desenvolvimento de competências não passíveis de serem adquiridas noutros contextos. Os voluntários acreditam que são capazes de mobilizar essas competências para diferentes contextos, devendo ser, por isso, alvo de reconhecimento. Por fim, ressaltam a importância de colocar essa experiência no CV e de o recrutador explorar essa experiência. |