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A imagem corporal positiva (ICP) é um construto multifacetado, que envolve muito mais do que apenas a satisfação com a aparência física, isto é, aceitar e respeitar o corpo, atendendo às suas necessidades. O desenvolvimento da imagem corporal positiva parece fazer parte do processo de adaptação a uma nova realidade em diversas condições clínicas que apresentem impacto na vivência do corpo, contribuindo para a aceitação do mesmo e a uma visão mais ampla das suas capacidades e funcionalidades. A lesão vertebro-medular (LVM) é uma condição neurológica de saúde que provoca alterações físicas, psicológicas, sociais e económicas nos indivíduos, podendo afetar não só a sua qualidade de vida (QV) bem como a sua satisfação corporal. Assim, o presente estudo visa estudar, ainda que de forma exploratória, algumas dimensões (apreciação corporal, aceitação do corpo pelos outros e funcionalidade) da imagem corporal positiva e a sua relação com a qualidade de vida, bem-estar, ansiedade e depressão, recorrendo para tal a uma amostra de 23 indivíduos com LVM e 24 indivíduos saudáveis. Os resultados demonstraram que não existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em relação às facetas da ICP: apreciação corporal, aceitação corporal pelos outros e funcionalidade; assim como ao nível da satisfação com a aparência física, positividade, qualidade de vida psicológica e sintomatologia psicológica (i.e., ansiedade e depressão). Contudo, ao nível do bem-estar subjetivo, e da QV física, relacional e ambiental, o grupo de pessoas com LVM evidenciou níveis significativamente inferiores. Considerando a relação entre as variáveis, especificamente no grupo clínico, verificou-se uma associação forte e positiva entre as várias dimensões da ICP, e entre estas e alguns domínios da QV. Pelo contrário, a maioria delas também se correlacionou negativamente com a ansiedade e depressão. Os resultados são discutidos com base nas suas implicações para o estudo da imagem corporal nesta população clínica. |