A negação da clínica na saúde mental: Impossibilidade para sustentação da proposta antimanicomial
Autor: | Fernanda Zanetti Cinalli Giovanetti |
---|---|
Jazyk: | portugalština |
Rok vydání: | 2018 |
Předmět: | |
Zdroj: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPUniversidade de São PauloUSP. |
Druh dokumentu: | masterThesis |
Popis: | A história da saúde mental pública brasileira está vinculada a um processo de exclusão e segregação, colocado em ação ao longo de séculos pelo banimento social e modelo de atuação hospitalocêntrico, tendo seu dispositivo de maior destaque o hospital psiquiátrico, o manicômio. Diante das condições de violência existentes nestas instituições, movimentos de trabalhadores e usuários ganharam força e promoveram mudanças nesta realidade. A partir da lei 10.216 de 2001, implanta-se oficial e nacionalmente uma nova proposta política de Saúde Mental, que se define como antimanicomial. Essa política expressa as transformações sociopolíticas e técnicas que vinham sendo implementadas ao menos uma década antes, apoiadas na Reforma Psiquiátrica. Contudo, as estratégias psicossocial e antimanicomial propostas e implementadas neste contexto, ao que sugere a bibliografia, parecem negligenciar a dimensão psíquica, colocando todo seu enfoque sobre a dimensão social e política. Hipotetizou-se que as práticas clínicas ficaram identificadas como estratégias do modelo anterior, tradicional, ocasionando uma condição de negação da clínica no novo modelo. Tal condição justificaria a coexistência de ideias e fundamentos contraditórios verificados nas práticas e política de saúde mental atual: ora apresentando marcas provenientes de sua história de segregação, ora fundamentos e concepções antimanicomiais. Tal coexistência parece impossibilitar ou dificultar a efetivação plena e a reflexão sobre a política atual, mantendo práticas manicomiais encobertas por um discurso antimanicomial. A partir da realização de grupos operativos com profissionais de CAPS pode-se corroborar tal hipótese, compreendendo-se que uma aliança inconsciente estabelecida entre os atores da saúde mental pós Reforma Psiquiátrica, mediante um pacto denegativo, extirpou a clínica das ações em saúde mental. Paradoxalmente, neste processo é exatamente a clínica psiquiátrica tradicional que ocupa o espaço vazio deixado pela negação da clínica de consideração da dimensão psíquica, em especial a clínica psicanalítica. The history of Brazilian public mental health is linked to a process of exclusion and segregation, put into action for centuries by the social ban and hospital-centered model, with the most prominent feature being the psychiatric hospital, the asylum. Faced with the conditions of violence in these institutions, workers 'and users' movements gained strength and promoted changes in this reality. From the law 10.216 of 2001, a new political proposal of Mental Health, which is defined as anti-asylum, is implanted officially and nationally. This policy expresses the sociopolitical and technical transformations that had been implemented at least a decade before, supported by the Psychiatric Reform. However, psychosocial and anti-asylum strategies proposed and implemented in this context, suggested by the bibliography, seem to neglect the psychic dimension, putting all its focus on the social and political dimension. It is hypothesized that clinical practices were identified as strategies of the previous, traditional model, leading to a denial of clinical condition in the new model. Such a condition would justify the coexistence of conflicting ideas and foundations verified in current mental health practices and policies: sometimes presenting marks from their history of segregation, sometimes anti-asylum foundations and conceptions. Such coexistence seems to make it impossible or difficult to fully realize and reflect on current politics, keeping asylum practices covered by an anti-asylum discourse. From the realization of operative groups with CAPS professionals, one can corroborate this hypothesis, understanding that an unconscious alliance established among. The mental health actors after Psychiatric Reform, through a denuclearising pact, removed the clinical practice of mental health actions. Paradoxically, in this process it is precisely the traditional psychiatric clinic that occupies the empty space left by the negation of the clinic of consideration of the psychic dimension, especially the psychoanalytic clinic. |
Databáze: | Networked Digital Library of Theses & Dissertations |
Externí odkaz: |