Entre safras e sonhos: trabalhadores rurais do sertão da Bahia à lavoura cafeeira do cerrado mineiro (1990-2008)

Autor: Carmo, Maria Andréa Angelotti
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2009
Předmět:
Zdroj: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SPPontifícia Universidade Católica de São PauloPUC_SP.
Druh dokumentu: Doctoral Thesis
Popis: Made available in DSpace on 2016-04-27T19:32:34Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Maria Andrea Angelotti Carmo.pdf: 3708280 bytes, checksum: cae8b99d10cebc11970d07985ee5bacf (MD5) Previous issue date: 2009-08-24
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
This work problematizes the experiences of a large number of workers, and the multiple relations they establish when inserted in coffee farm work in the region of Triângulo Mineiro and Alto Paranaíba. Furthermore, the work seeks reflective thinking about the new work relations which have been emerging from the Brazilian rural area in the last three decades, and which are due to general social transformations which impact the ways of working and living of a huge number of men and women from the rural areas of this country. This study focused on the history of groups of men and women who dwell in the region of Monte Santo Bahia and who have been traveling to work on the coffee farms in the region of Cerrado Mineiro for at least fifteen years between the months of May and September. The research has led us to reveal how they are recruited, how they organize themselves in groups, how they live in precarious housing, as well as which networks they establish in order to compose their groups. The study has allowed a better understanding of the region which grows coffee, the strategies elaborated by the producers/employers in order to recruit the workers, among others. Methodologically, several other questions regarding the values and the ways of living of the individuals have aroused not only in their work relations in the farms, but also in their region of origin. This was possible due to the analysis of workers narratives, and their statements. Hence, it was necessary to understand the area where the subjects originally came from. When interviewing the relatives, friends and the coffee farm workers themselves, as well analyzing their narratives, demanded new effort in order to understand the logic which guides the lives of these subjects, their options, their dialogues, their motivation, and their insertion in this reality. In time, I came to observe a culture set with aspects of their histories which do not start with their moving, but permeate their strategies and understandings of the world, in which the movement of going from one place to another is only another of their moments and struggles. This line of research has allowed us to problematize some notions of migration, or the movement of groups of individuals from one place to another. When I visited the region of Monte Santo, in Bahia, I understood part of this history and the dispute among men, women, small farmers, dwellers from small properties in the country and small towns in the countryside, who evaluate and analyze possibilities in the search for a better life which does not mean leaving their hometowns
Este trabalho problematiza as experiências de um amplo grupo de trabalhadores e as múltiplas relações que estabelecem, a partir da inserção no universo do trabalho nas lavouras de café das regiões do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba. Articula-se a reflexão acerca das novas formas de relações de trabalho emergentes no campo brasileiro nas três últimas décadas, e que são tributárias das transformações sociais em geral, que impactam os modos de trabalhar e de viver de enormes contingentes de homens e mulheres na vida rural deste país. O estudo teve como foco a história de grupos de homens e mulheres residentes na região de Monte Santo-BA que se deslocam, há pelo menos quinze anos, para os trabalhos na safra de café na região do cerrado mineiro entre os meses de maio e setembro. A pesquisa levou a desvendar as formas como são recrutados, como se organizam em grupos, como vivem nos precários alojamentos, quais redes estabelecem no sentido de comporem os grupos observados. Compreendeu-se elementos da região produtora de café, as estratégias elaboradas pelos produtores/empregadores para recrutarem esta mão-de-obra, dentre outros. Metodologicamente, a partir da análise das narrativas e depoimentos dos trabalhadores, para além da relação trabalhista nas lavouras, inúmeras outras questões referentes aos valores e aos modos de viver dos indivíduos em sua região de origem surgiram. Fez-se então necessário empreender o movimento de conhecer o local de onde partiam os sujeitos entrevistados. Entrevistar parentes, amigos, e os próprios trabalhadores já conhecidos nas lavouras de café e analisar suas narrativas exigiu novo esforço de compreensão da lógica que regia a vida daqueles sujeitos, de suas opções, de seus diálogos, de suas motivações e de sua inserção nestas realidades. Aos poucos deparei-me com um conjunto cultural, com aspectos de suas histórias que não se iniciam com o deslocamento, mas que permeiam as suas estratégias e compreensões de mundo, no qual o movimento de deslocar-se de um lugar para outro é apenas mais um de seus momentos e de suas lutas. Esta trajetória da pesquisa permitiu problematizar algumas noções de migração ou movimentos de deslocamento populacional. Conhecendo a região de Monte Santo, na Bahia, compreendi parte desta história e das disputas nas quais se inserem como homens e mulheres, pequenos agricultores, moradores dos sítios e povoados, que avaliam, analisam possibilidades em busca de melhores condições de vida sem ter que partir em definitivo de seu local de origem
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