Por palavras e ações: há um mundo entre nós. Justiça, liberdade e comunhão: sentidos teológicos e políticos nos paradoxos da democracia em tempos de direitos humanos

Autor: Kathlen Luana de Oliveira
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2013
Předmět:
Zdroj: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do ESTFaculdades ESTEST.
Druh dokumentu: Doctoral Thesis
Popis: A compreensão dos rastros do movimento dos sentidos presente em discursos acerca de justiça, de liberdade e de comunhão/comunidade a partir de situações e lugares no contexto brasileiro contemporâneo, diante dos variados modos de violência, indaga pelas possibilidades do ser-juntos, da novidade. Como uma trama, analisar-se-ão as disputas semânticas que atravessam as reivindicações de direitos humanos, o pensamento teológico e estão associadas às conquistas democráticas. O pensamento arendtiano e as reflexões teológicas gestadas no contexto pós-colonial e de libertação serão os principais referenciais teóricos, apresentados na introdução, juntamente com aspectos metodológicos. No primeiro capítulo, os sentidos de justiça são analisados a partir das experiências de injustiça, em lugares de negação ao habitar a cidade, negação à memória dos desaparecidos políticos e de sociabilidades que, pelo medo e pelo descrédito das instituições públicas, realizam a justiça por linchamentos. Frente à pertinência da memória, das biografias e do habitar na cidade, analisar-se-ão as possibilidades da verdade factual, da verdade testemunhada, e as possibilidades do perdão como contestadores dos limites dos sentidos de justiça. No segundo capítulo, os sentidos de liberdade serão investigados a partir das experiências dos conflitos decorrentes do PNDH-3: as lutas de mulheres contra a criminalização do aborto, conflitos sobre liberdade religiosa, conflitos por liberdade de habitar o campo e a cidade, conflitos de liberdade de expressão e direito à memória. Devido aos sentidos construídos em proximidade e distinção, apresentar-se-á discursos sobre liberdade e sobre libertação, especificamente, na trajetória das teologias da libertação. Em diálogo, a perspectiva arendtiana é apresentada como contestadora da ideia de soberania, e como possibilidades de liberdade do estar-junto, num acontecimento de milagre. No terceiro capítulo, comunidade/comunhão serão discutidas a partir dos discursos de desconfianças e descréditos das institucionalidades e representações questionando a sacralidade de pertenças e a noção de soberania que fundamentam violências. A compreensão do estar-juntos é investigada como contrastante a consensos estipulados, à coesão social, à ideia de comunidade absoluta, fundante ou teleológica. Por isso, habitar o mundo, o ser-juntos, é refletido com paralelos com ao lugar de diáspora, exílio, objetivando o desvelamento de percepções de identidades e comunidades absolutas, apontando a pluralidade em sua própria constituição. E, partindo da presença exposta, em aparecimento, em encontros que não negam a conflituosidade, o significado de antropofagia tupinambá é acionado apontando a importância do obsceno, do riso, envolvendo uma transformação recíproca no ser-juntos. A antropofagia tupinambá, como forma de refletir sobre o ser-juntos, sobre comunidade, comunhão, almeja proposições de desconstrução de ideias de identidades absolutas e comunitarismo absoluto, em possibilidades de relações que criam e recriam-se. A conclusão apontará para uma teologia que se realiza por opção políticas, para a desglorificação da violência, para a dessacralização de instituições, para a crítica a naturalizações de pertenças, a crítica aos absolutismos comunitários e de indivíduos, contestando da noção de soberania e de privatizações, apontando possibilidades do perdão, da ação, do ser-juntos no horizonte do milagre, como acontecimento de novas relações.
The understanding of the traces of the movement of meanings in speeches on justice, freedom and communion/community from situations and places in contemporary Brazilian context, given the varied forms of violence, asks for the possibilities of being-together, of novelty. Like a woof, we analyze the semantic disputes that cross the claims from human rights, the theological thinking and that are associated with democratic achievements. Arendts thinking and theological reflections gestated in the postcolonial and freedom context are the main theoretical framework, presented in the introduction, along with methodological aspects. In the first chapter, the meanings of justice are analyzed from the experiences of injustice, in places of denial of inhabiting the city, denial for the memory of missing political people and of sociability that, by fear and distrust of public institutions, accomplishes justice by lynching. Before the importance of memory, biographies and the inhabiting in the city, we analyze the possibilities of factual truth, of witnessed truth, and the possibilities of forgiveness as protesters of the limits of the meanings of justice. In the second chapter, the meanings of freedom are investigated from the experiences of conflicts arising from the PNDH-3 [National Plan of Human Rights-3], the struggle of women against the criminalization of abortion, conflicts on religious freedom, for the freedom of inhabiting in the countryside and in the city; conflicts of freedom of expression and the right to memory. Due to the meanings built in proximity and distinction, we present speeches on freedom and liberation, specifically, in the path of liberation theologies. In dialogue, Arendts perspective is presented as a disruptive of the idea of sovereignty, and as possibilities of freedom of being-together, in an event of miracle. In the third chapter, communion/community is discussed from the speeches of distrust and discredit of institutionalities and representations questioning the sacredness of belonging and the notion of sovereignty that underlie/justify violence. The understanding of being-together is investigated as contrasting stipulated consensus, social cohesion, the idea of absolute theological or foundational community. Therefore, inhabiting the world, being-together, is understood in parallel with diaspora, exile, aiming at the unveiling of perceptions of identities and absolute communities, indicating the plurality of its own constitution. Starting from the exposed presence, in appearance, in meeting that do not deny the quarrelsome, the meaning of tupinambá anthropophagy is added, showing the importance of obscene, of laughing, involving a reciprocal transformation in being-together. The tupinambá anthropophagy, as a way of thinking on being-together, on community/communion, aims propositions of deconstructing the ideas of absolute identities and communitarianism, in possibilities of relations that creates and recreates themselves. The conclusion points to a theology that fulfills itself through political options, for the unglorification of violence, for the desacralization of institutions, for the critic to natural belongings, the communitarian and individual absolutism, questioning the notion of sovereignty and privatization, indicating possibilities of forgiveness, of action, of being-together in the horizon of miracle, as an event of new relationships.
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