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A fragilidade de um geossistema é mais bem avaliada quando leva em conta a interrelação entre os componentes biológicos e o potencial ecológico. A exploração dos recursos naturais pela atividade humana provoca uma vulnerabilidade no meio ambiente, deixando impressos seus resultados na paisagem. O estudo da paisagem deve privilegiar metodologias que apreendam a complexidade inerente aos sistemas ambientais, envolvendo a pluralidade das dimensões sociais, ecológicas e econômicas. A Análise por Múltiplos Critérios (AMC) apresenta-se como uma ferramenta alternativa às metodologias tradicionais de modelagem que são dicotômicas na análise e ambíguas nas decisões. Assim, incorporando a AMC a partir da lógica fuzzy à modelagem dos dados ambientais, procedeu-se a um ajuste na metodologia de mapeamento da fragilidade ambiental (ROSS, 1994) da Bacia Hidrográfica Cárstica de Fervida e Ribeirão das Onças do município do Colombo/PR, criando critérios e indicadores adequados aos geossistemas locais. A metodologia alternativa sugerida neste trabalho consistiu resumidamente em duas etapas: na primeira, aplicação de critérios diferentes para superar a rigidez da classificação dos solos obtendo-se assim valores diferentes aos aplicados pela classificação de Ross, por conta de uma maior diferenciação das especificidades, ausente no modelo criticado. Na segunda etapa, adotou-se a ferramenta Analytical Hierarchy Process (lógica fuzzy) para determinar diferenças entre os elementos solo, declividade, geologia e geomorfologia com maior peso para o solo, critério desprezado por Ross. Os resultados da aplicação das duas metodologias (a original e a alternativa) foram os seguintes: na original obteve-se 98,38% da área agrícola distribuída em áreas de fragilidade emergente alta a muito alta, enquanto que na metodologia alternativa 94,56% da área agrícola encontrava-se distribuída em áreas de média a baixa fragilidade emergente. O resultado obtido na metodologia original poderia induzir aparentemente a um impedimento da utilização efetiva do espaço para fins produtivos. Ora, nem sempre uma intervenção humana no meio é sinônimo de degradação ambiental, desde que a tecnologia empregada seja adequada ao potencial ecossistêmico existente. Ao não contemplar pressupostos teórico-metodológicos adequados para pensar a sustentabilidade do uso das terras, as metodologias de mapeamento de fragilidade dos ambientes naturais podem produzir conseqüências contrárias ao pretendido. Dessa maneira, constatou-se que a metodologia alternativa proposta apresentou resultados muito diferentes aos de Ross, uma vez que baseou seus pressupostos no debate teórico da sustentabilidade |