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A Leishmaniose é uma doença antiga, negligenciada e reicidivante que merece uma solução nova. Distribui-se entre os trópicos e os subtrópicos, apresenta-se nas formas visceral, muco-cutâna e cutânea; ocorre em pessoas e especialmente em cães. A interação hospedeiro-parasito é afetada pelo sexo devido à influência hormonal na imunidade. O agente etiológico utilizado neste estudo é o protozoário Leishmania (Leishmania) chagasi, conhecido também por Leishmania infantum, cepa MHON/BR/1972/BH400 originária da forma visceral canina na concentração de 1 x 106 promastigotas. O hamster é um dos modelos clássicos e foi utilizado neste estudo porque é susceptível à doença, apresenta sinais clínicos, histológicos e parasitológicos com alta letalidade. Os tratamentos estabelecidos para humanos apresentam resistência, efeitos colaterais, são tóxicos aos rins e fígado, mas se não for tratada é fatal. A Terapêutica FAO (Fatores de Auto-organização) é uma modalidade da Homeopatia concebida como pesquisa-ação e trata diversas patologias clínicas para humanos e animais. As medicações ultra diluídas que compõe a série são: Antimonium crudum (sulfeto de antimônio); Kali carbonicum (carbonato de potássio); Mercurius solubilis (nitrato de mercúrio); Sulphur (enxofre); Natrum muriaticum (cloreto de sódio); Aurum metallicum (ouro); Ammonium muriaticum (cloreto de amônia). As potências 5 (cinco) e 3 (três); e 12 (doze) e 3 (três) da escala cinquenta milesimal, popularmente conhecida como LM, foram utilizadas nesta ordem e administradas em 2 (duas) séries penta, realizadas aos 17 (dezessete) e 20 (vinte) dias após a inoculação do agente. Os sinais clínicos avaliados foram sobrevida, evolução da massa corporal, consumo de ração, alopecia, diminuição das atividades, desidratação, caquexia e ascite. Os sinais da carga parasitária para o baço e fígado foram imunoistoquímica para amastigotas de Leishmania, índice de LDU de baço e de fígado, índice esplênico e hepático. Os sinais das alterações macroscópicas e microscópicas avaliados por análise semi-quantitativa ou qualitativa para a histopatologia do baço foram: parasitismo tecidual, presença de granulomas esplênicos, hiperplasia dos macrófagos da polpa vermelha, e presença de depleção da polpa branca; e para o fígado foram: parasitismo tecidual, presença de granulomas intralobulares, inflamação portal, hiperplasia das células de Kupffer, amiloidose, hiperemia (congestão). As comparações foram realizadas entre os grupos experimental e controle positivo do mesmo sexo e foram considerados significantes valores de p < 0,05. Foram utilizados os testes de Lilliefors para normalidade, teste t, Mann-Whitney, análise da variância de duas vias, Log-Rank test e teste exato de Fisher. Este estudo teve aprovação prévia do comitê de ética em experimentação animal da UFMG (CONCEA) de registro 210/2007. O sucesso da infecção no modelo foi confirmado por demonstração direta do parasito no esfregaço. Os animais foram acompanhados a partir dos 3 (três) meses de vida até o 106º dia de infecção, e o fator sexo influenciou o desenvolvimento da doença e o efeito do tratamento. Significativamente, a sobrevida e a redução da alopecia foram menor e a imunoistoquímica maior, todos para as fêmeas medicadas; houve aumento da evolução da massa corporal para machos e fêmeas medicados; e houve redução na formação de granulomas para os machos medicados; todos comparados em relação aos seus respectivos controles positivos. Os parâmetros: consumo de ração, imunoistoquímica de baço para machos, depleção, parasitismo, células de Kupffer, índice hepático, apresentaram ausência de significância com valor de p entre 0,05 e 0,10. Ao considerar que a relação hospedeiro-parasito será influenciada pelo sexo através da ação de hormônios; a determinação para evolução da doença no baço ou a resolução com formação de granulomas no fígado, em última instancia, será determinada por um ajuste fino na resposta do sistema imunológico; e que as medicações ultra diluídas são capazes de causar imunomodulação e cicle arrest, observamos que a medicação alterou o curso da doença de forma significativa, em especial favorável a fêmeas. Futuros trabalhos podem identificar os mecanismos deste fenômeno; avaliar o risco de transmissão do parasito na pele; os efeitos em relação à ampla gama de escalas e potências; associada ou não a outros tratamentos, a fim de determinar a melhor relação entre efeito-escala-potência para esta ferramenta terapêutica. |