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Este trabalho parte da compreensão de que as paisagens periféricas não podem ser compreendidas e planejadas apenas com procedimentos de estudo e intervenção prontos/padronizados, concebidos a partir de um enfoque universalista e distanciado, excluindo seu caráter local. É fundamental a imersão nessas paisagens a partir de uma perspectiva colaborativa e solidária de construção de conhecimento, além de profissionais e pesquisadores que se proponham a estudá-las e planejá-las. A construção colaborativa de soluções para favelas e ocupações, associando o saber acadêmico ao popular, apresenta-se como um processo estratégico e emancipatório. Por um lado, os moradores envolvidos nesse processo não só têm o acesso ao conhecimento que é produzido sobre eles e seu meio, mas também implica em seu reconhecimento como autores desse conhecimento. E aos profissionais, permite o acesso a conhecimentos populares essenciais para entender as reais dinâmicas das paisagens e nelas reconhecer ou não processos mais estruturais. Também traz à tona entendimentos novos sobre a prática do ensino dessas paisagens, reconhecendo limitações que precisam ser superadas. Este é o convite feito pela urbanista e educadora popular Cecilia Angileli que, ao longo de dez anos (2002-2012), percorreu cerca de 100 favelas do distrito de Brasilândia, na região da Serra da Cantareira — norte da cidade de São Paulo —, apresentando as formas de produção e apropriação dessa paisagem, além dos enfrentamentos cotidianos de seus moradores na luta pelo'chão', por meio da metodologia da pesquisa-ação. Estudos que dão continuidade à sua primeira publicação Paisagens Reveladas no Cotidiano da Periferia (2014). |