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Língua e Direito: uma relação de nunca acabar apresenta a relação entre ensino de língua e profissionais concernidos no segmento jurídico e sugere ao leitor que o ensino de língua pode traduzir-se em gesto de civilidade e de alteridade, de zelo acadêmico que persiste na construção de lugares de consistência intelectual e de produção de ciência. Este livro apresenta uma pesquisa acerca do discurso sobre o ensino de Língua Portuguesa em curso superior de Direito. Questões norteiam a análise e sustentam a reflexão da autora acerca dos saberes de língua em funcionamento nesse ensino, sobre o imaginário de língua que emerge no fio do discurso de documentos institucionais, materializado nos ementários de componentes curriculares de Língua Portuguesa de uma graduação em Direito e a respeito de quais marcas do percurso da historicidade do Ensino de Língua Portuguesa no Brasil – políticas linguísticas – são constitutivas do quadro atual do ensino de Língua Portuguesa desse curso. Ao buscar compreender essas indagações, o fio da meada e de sustentação desta obra é a teoria da Análise do Discurso francesa de Michel Pêcheux e de seus seguidores brasileiros: trabalha-se a língua em uma relação menos ingênua, que considera a porosidade da superfície linear e desconfia do óbvio. O gesto analítico permite ao leitor aprofundar-se na teoria da Análise do Discurso para compreender a dimensão política das práticas de linguagem. A originalidade deste estudo é o núcleo temático e os documentos selecionados para os procedimentos de análise. Neste (per)curso de leitura e de escritura, no gesto de interpretação do sujeito responsável pelo que diz, a autora tropeça nas pistas linguísticas, na materialidade dos enunciados e depara-se com sentidos e evidências distantes da neutralidade e da univocidade, provocando dúvidas, indagações, conduzindo a deslocamentos constantes entre a compreensão da teoria e dos textos. |