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Os Granitoides Arroio Divisa (GAD), localizados na região de Quitéria, porção leste do Escudo Sul-rio-grandense, constituem um corpo alongado de direção NE-SW, com aproximadamente 30 km de extensão e 1 a 6 km de largura. Ao norte, são intrusivos em metatonalitos, metagranodioritos e gnaisses tonalíticos a dioríticos do Complexo Arroio dos Ratos, de idade paleoproterozoica, e ao sul são intrudidos por granitos e riolitos neoproterozoicos. Os GAD são predominantemente granodioritos e granitos foliados, de textura equigranular média a grossa, contendo anfibólio e biotita, além de titanita, zircão e apatita como minerais acessórios. Rochas dioríticas a tonalíticas ocorrem na forma de enclaves microgranulares, corpos de dimensões métricas, e diques sin-plutônicos, de contatos interdigitados e interlobados característicos de mistura heterogênea de magmas. Nas proximidades dos termos dioríticos observa-se um aumento no teor de máficos dos granitoides. É também comum a ocorrência de xenólitos centimétricos a decamétricos de gnaisses e metatonalitos do Complexo Arroio dos Ratos e hornblenda-biotita granodiorito correlacionado ao Granodiorito Cruzeiro do Sul. Nas proximidades das zonas de mistura e de xenólitos maiores, observa-se nos GAD o desenvolvimento de textura heterogranular a porfirítica em zonas de espessura métrica. A foliação magmática é marcada pela orientação dimensional de plagioclásio e biotita. Paralela à mesma é frequente a ocorrência de foliação milonítica de intensidade variável, com movimento transcorrente sinistral. Estas estruturas de direção E-W e mergulho acentuado, sofrem inflexão para NE-SW em sua porção leste, causada pela atuação de uma zona de cataclase regional que favoreceu o posicionamento das intrusões graníticas tardias. Quartzo-milonitos e filonitos estão presentes no interior dos GAD ao longo de zonas de mais alta deformação, às vezes com cerca de 100 m de espessura, geradas em condições de baixa temperatura. Os GAD e rochas máficas associadas possuem características geoquímicas semelhantes às das rochas de afinidade toleítica médio a alto-K, com contaminação por fusões de protolitos constituídos por gnaisses com granada. A integração das interpretações estratigráficas, tectônicas e geoquímicas indica que este magmatismo constitui manifestação precoce do magmatismo pós-colisional neoproterozoico do sul do Brasil. |