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Resumo A literatura a respeito de expectativas docentes sobre a aprendizagem dos alunos situa-se numa interface entre psicologia e educação e remonta aos trabalhos de Rosenthal e Jacobson (1968), Palardy (1969), Alvidrez e Weinstein (1999) e outros. Uma das constatações é que as chances de sucesso na aprendizagem estão diretamente relacionadas com as expectativas docentes sobre os alunos, o que permite a construção da ideia de profecia autorrealizadora. O artigo aprofunda essa reflexão mediante análise de um conjunto de itens presentes no Questionário do professor do Saeb 2015, que foram organizados em variáveis extraescolares, intraescolares e dependentes do aluno. São utilizados os microdados relativos aos 2.274 professores de 5º ano do ensino fundamental das redes públicas de três capitais: o melhor Ideb em 2015 (Curitiba, PR – 6,3), o pior (Maceió, AL – 4,3) e a maior variação do Ideb no período 2005 – 2015 (Fortaleza, CE – 63,6%). Os dados mostram que das três categorias em que foram organizados os itens, os menores coeficientes de variação estão nas variáveis extraescolares, enquanto os maiores encontram-se nas variáveis intraescolares. Quando se observam os coeficientes de variação das variáveis dependentes dos alunos, constata-se que seus valores são muito superiores aos das variáveis extraescolares e pelo menos 50% inferiores aos das variáveis intraescolares. Esses resultados mostram que as expectativas docentes sobre os problemas de aprendizagem dos alunos estão associadas, de forma mais intensa, com o meio social, o nível cultural e a falta de assistência dos pais na vida escolar do aluno. |