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O objetivo principal deste trabalho é reiterar a importância de os docentes se apropriarem do item, gênero do discurso prototipicamente avaliativo. Para tanto, discute-se a configuração lexical de itens usados nas provas do Enem desde sua primeira edição, em 1998, até sua edição mais recente, de 2018. São consideradas três categorias de classificação do léxico: a) estruturas linguísticas da “língua comum”; b) estruturas linguísticas de especialidade e c) estruturas linguísticas de gênero. As discussões aqui levantadas estão de acordo com os estudos das linguagens especializadas (HOFFMANN, 1988; TUTIN, 2007; KILIAN e LOGUERCIO, 2015). Os itens foram processados com o auxílio do AntConc, um software destinado à análise eletrônica do léxico em textos. Os resultados mostram que, além de outras características formais que fazem do item um produto educacional especializado (e que, portanto, requer conhecimento técnico para sua elaboração), o léxico também se constitui como parte integradora desses conhecimentos especializados, fazendo parte do rol de conhecimentos necessários para que professores sejam capazes de promover avaliações mais consistentes e em consonância com o que muitas escolas perseguem: o êxito de seus alunos em avaliações de larga escala, como o próprio Enem. Essa conclusão é possível graças à delimitação da classe de estruturas linguísticas de gênero, ou seja, pela comprovação de que no item existem estruturas linguísticas que são específicas da constituição desse gênero do discurso. É requisito básico de professores (e avaliadores) conhecer essas estruturas, para aplicá-las de modo eficaz na elaboração de provas, testes e demais exames. |