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Este artigo examina como se configurou a literatura de viagem no Brasil, para delinear como é construída a narradora-viajante de Outros cantos, de Maria Valéria Rezende, e, em que medida a trama flerta e rompe com as características clássicas das narrativas de estrada nacionais. Somado a isso, outro ponto fundamental tratado será a relação entre a viagem e a figuração do tempo na narrativa. Para isso abordar-se-á os aspectos sublinhados, especialmente, pela estudiosa Flora Sussekind. No romance de Rezende a problemática do deslocamento é uma chave de leitura importante que permeia toda a narrativa. A protagonista Maria é apresentada ao leitor, no plano do presente, dentro de um ônibus, rememorando uma experiência de quarenta anos atrás, durante uma viagem de retorno ao sertão nordestino, e no plano do passado, como uma espécie de forasteira recém-chegada a um desconhecido local, na mesma região. Visto que o relato de viagem está presente de forma central nos dois planos do enredo, constata-se que a viagem é um ponto essencial para a compreensão da narrativa, e por isso o foco desta investigação. |