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Este artigo objetiva compreender de que maneira a privacidade se manifesta em hostels, verificando os paradoxos e tensões que emergem no cotidiano destes meios de hospedagem compartilhados. A metodologia, de natureza qualitativa, envolveu pesquisa de campo em três hostels, selecionados por critérios previamente estipulados, localizados na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Além da observação, foram realizadas entrevistas com 18 hóspedes e 6 anfitriões. Os dados coletados foram sistematizados e analisados por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin (2011), sendo esta técnica complementada com o auxílio do software NVivo. Os resultados da pesquisa evidenciaram que o quarto, mesmo compartilhado, representa o primeiro passo na caminhada para a privacidade dos sujeitos, sendo o mobiliário cama o principal local para sua concretização. Os hóspedes utilizam diferentes estratégias para resguardar a privacidade. Quanto aos paradoxos e tensões que a desafiam, os resultados da pesquisa de campo indicam que os principais são os ruídos, a desordem verificada nos quartos e na cozinha, dificuldades relacionadas ao uso coletivo do banheiro, a nudez, a intimidade sexual nos quartos compartilhados e o convívio com pessoas com hábitos e origens diversas. No entanto, neste meio de hospedagem complexo e ambíguo que é o hostel, foi constatado que o quarto pode ser, também, um espaço que possibilita um processo de trocas valorizado pelos hóspedes. Isso se deve, especialmente, às práticas de lazer e comensalidade experimentadas pelos sujeitos que ocupam temporariamente aquele território, e ao intercâmbio de experiências sobre os atrativos turísticos da capital mineira. |