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Por maiores que sejam as diferenças entre os procedimentos adotados pelos músicos do movimento que ficou conhecido como “Vanguarda Paulista”, é notável, entre seus principais nomes, a adoção de um recurso em comum: a ênfase na entoação da língua falada impregnando a melodia musical. Se não se pode apontar um percurso simples entre a necessidade de renovação do campo musical e o procedimento comum adotado, podemos ao menos especular a respeito do efeito causado no ouvinte de música popular pelo uso desse recurso, sondando possíveis implicações estéticas que, talvez, nos deem ao menos uma hipótese plausível que explique a coincidência e, quiçá, nos forneça alguns elementos para que se pense a música popular brasileira contemporânea. É este o objetivo deste artigo. Para cumpri-lo, nos utilizaremos, especialmente, das reflexões a respeito da canção levadas a cabo por Luiz Tatit no campo da semiótica e das considerações de Walter Benjamin a respeito do processo de desauratização da arte. |