Popis: |
Este trabalho analisou a percepção de saúde e alimentação saudável, bem como as dinâmicas relacionadas à alimentação, em homens e mulheres de região de elevada vulnerabilidade. Trata-se de estudo qualitativo com entrevistas semiestruturadas com adultos residentes na área de abrangência de uma unidade de Saúde da Família. Os relatos sobre as concepções de saúde foram heterogêneos, e os entrevistados definiram saúde como ausência de doença, estresse e problemas na vida; hábitos e estilo de vida saudáveis. Em relação à alimentação saudável, a maioria das pessoas a associou ao consumo de frutas, legumes e verduras, enquanto a ingestão de gordura e açúcar foi considerada inadequada. Há poucas diferenças entre os relatos de homens e mulheres quanto à percepção sobre saúde e alimentação saudável; entretanto, quando se trata das dinâmicas alimentares, o homem aparece como protagonista apenas em celebrações, para ajudar a mulher ou quando sente vontade de cozinhar algo diferente. Em alguns casos, aos homens cabe ofertar recursos para aquisição dos alimentos, reforçando seu papel tradicional de provedor e a responsabilidade feminina de cuidar da alimentação da família. A vulnerabilidade do território não apareceu nos discursos como um fator que influencia a percepção de saúde e alimentação saudável. Diante da predominância de ações de saúde pautadas na redução de riscos e na normatização de corpos e estilos de vida, as diferenças entre homens e mulheres em relação à percepção sobre saúde e alimentação saudável colocam a categoria “gênero” como relevante no cuidado em saúde na contemporaneidade. DOI: 10.12957/demetra.2016.22334 |