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Tendemos a confundir o urgente com o improrrogável, mas o improrrogável não é da ordem das tarefas feitas ou por fazer, por muito urgentes que sejam. O improrrogável, de fato, não admite sequer a sua mediação pelo projeto. Mesmo na confusão das batalhas nas quais nos vemos involucrados como atores da nossa própria história, quando qualquer coisa que não contribua para a obra humana parece poder esperar, faz ouvir a sua voz. Exige uma consumação imediata, uma entrega total e cega. A literatura, a arte e a filosofia, constituem formas privilegiadas do improrrogável. O presente ensaio pretende explorá-las, a partir de alguns exemplos significativos, em ordem a mostrar o modo em que constituem o signo de uma paixão capaz de nos tornar ingovernáveis. |