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Os discursos hegemônicos sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na Educação apresentam-nas como “ferramentas” essenciais à ampliação do acesso à Educação Superior (ES) em um contexto caracterizado pela globalização econômica e demandas por qualificação profissional continuada. Nessa perspectiva, a ES enfrenta o desafio de ampliar os números de matrículas adotando “soluções” técnicas para garantir a “qualidade” e a “relevância” de sua oferta. Há, entretanto, uma lacuna significativa entre tais discursos generalistas e a realidade. Este artigo constitui um recorte de um estudo de caso cujo objetivo geral foi examinar concepções e práticas docentes com as TIC na ES. Tomando como campo uma instituição de ES privada, coletaram-se dados por meio de questionários, observação participante e entrevistas. A presente discussão baseia-se em uma análise de conteúdo temática das 11 entrevistas conduzidas com docentes, adotando como fundamentação literatura da área da Docência Superior e textos críticos da Tecnologia Educacional. Os achados sugerem que, apesar das indicações de clara preocupação com a didática, concretizam-se formas de “inovação” com o uso de novos artefatos para apoiar práticas previamente conduzidas e focalizadas, basicamente, na “transmissão” de conhecimento. A situação explica-se, parcialmente, por contingências como falta de tempo, carência de formação específica e o “solucionismo” que caracteriza algumas ações e demandas institucionais relacionadas às TIC. Por outro lado, há indícios de práticas que sugerem enorme comprometimento com os alunos, o trabalho e a própria instituição. Assim, reitera-se a necessidade de estudos empíricos que desafiem discursos generalistas e, principalmente, a culpabilização do professor. |