Disfunção Sexual na Prática Psiquiátrica – Uma Revisão

Autor: Guadalupe Maria da Silva Costa Marinho, Diogo Almeida
Jazyk: English<br />Portuguese
Rok vydání: 2021
Předmět:
Zdroj: PsiLogos, Vol 16, Iss 2 (2021)
Druh dokumentu: article
ISSN: 1646-091X
2182-3146
Popis: Introdução: A função sexual é considerada uma parte importante da experiência humana e um fator determinante de qualidade de vida. Tendo isto em consideração, em Psiquiatria esta tem sido uma temática que tem preocupado aqueles que se ocupam não só do bem-estar físico, mas também psicológico e emocional dos seus pacientes, sendo que a disfunção sexual (DS) afeta uma percentagem significativa dos doentes mentais. Objetivos: Analisar a associação entre DS e as principais doenças psiquiátricas, tal como as várias componentes da função sexual que podem estar alteradas nestes pacientes e as suas possíveis causas, e por último investigar as diferentes abordagens terapêuticas da DS na prática psiquiátrica. Métodos: Foi efetuada uma revisão não sistemática da literatura através de uma pesquisa na base de dados PubMed/Medline utilizando as palavras-chave “mental disorders”, “psychiatric disorders”, “sexual disorders”, “sexual dysfunction”, “psychotropics”, “antidepressants” e “antipsychotics”. Os artigos foram posteriormente selecionados tendo em conta a sua relevância para o objeto de estudo. Resultados: De acordo com a literatura científica, a DS é mais frequente nos indivíduos com doença mental relativamente à população geral. Esta tem sido reportada em 30 a 60% dos pacientes com esquizofrenia medicados com antipsicóticos, em 70% dos doentes com depressão medicados com antidepressivos e em até 80% dos indivíduos que sofrem de perturbações ansiosas. Os problemas sexuais frequentemente associados à doença psiquiátrica e ao seu tratamento incluem a diminuição do desejo sexual, dificuldades ao nível da excitação, dificuldade em atingir o orgasmo ou anorgasmia no sexo feminino e disfunção erétil e problemas ao nível da ejaculação no sexo masculino. Estudos indicam que a DS presente nestes doentes poderá ser devida não só às relações interpessoais e ao meio que envolve os indivíduos, mas também à própria influência da psicopatologia na função sexual e à ação dos psicofármacos escolhidos para o tratamento. A DS associada ao uso dos psicotrópicos tem ainda como consequência grave a diminuição da adesão terapêutica ou até mesmo o total abandono do seguimento psiquiátrico. Conclusões: A DS tem um impacto importante na saúde mental e na qualidade de vida de muitos dos pacientes afetos de doença psiquiátrica. É portanto essencial que o clínico esteja atento a este fenómeno e às suas possíveis implicações, tomando uma atitude informada e optando pela abordagem mais adequada. Esta abordagem permitirá evitar ou, pelo menos, minorar o impacto da doença mental e dos psicotrópicos na função sexual e assim assegurar uma boa adesão terapêutica e uma melhoria da qualidade de vida destes pacientes.
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