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O objetivo deste texto é estudar os percursos que levaram o fidalgo D. João de Castro a crer nos dons proféticos de Bandarra, e discutir as relações entre crença e descrença no contexto das transformações macro-históricas que marcaram a transição dos séculos XVI para o XVII na Europa cristã. Entendo que suas elaborações expressaram de forma singular, mas não isolada, uma das muitas combinações entre religião e política em período atravessado por confluências e disputas entre estes dois campos na chamada primeira Modernidade. Crença e descrença, binômio inseparável na Época Moderna, transitaram entre a ortodoxia e a heresia, a fidelidade e a traição. Este texto analisa alguns contornos dessas fronteiras, propondo uma discussão sobre os meios para identificar o que podia ser falso ou verdadeiro em matéria religiosa nos Tratados canônicos do período e a adaptação operada nos escritos de João de Castro. |