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O Centro Espírita São Sebastião (localizado no bairro Sagrada Família, na Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG) congrega cultos de matriz bantu como a Umbanda, o Candomblé de Angola e o Reinado. As trajetórias dos agentes que integram este terreiro, em especial a de Mam’etu Tabaladê Ria N’Kosi (Mãe Cecília), matriarca fundadora da casa, tornam-se significativas para revelar a dinâmica que move a vida em uma comunidade afro-religiosa, pautada sobre princípios de acolhimento, cura e aceitação das diferenças. Em um contexto religioso marcado pelo sincretismo, atributo esse muitas vezes utilizado como forma de rechaçar esses cultos como ‘impuros’ ou inautênticos quanto a uma suposta ancestralidade africana, as trajetórias em questão revelam, por outro lado, habilidades que são próprias a essa matriz religiosa e cultural. Neste sentido, partindo de um novo olhar que atente para a dinâmica da vida em comunidade, podemos ver como a multiplicidade e a abertura ao diverso, ao ‘outro’, são atributos singulares a esses cultos, ora como estratégia de resistência, ora como interesse próprio em prol da continuidade de sua tradição. Desta maneira, os terreiros dispõem de formas de sociabilidade diversas daquelas que predominam no meio social urbano. Neste artigo, busca-se apresentar uma visão positiva da multiplicidade no contexto das comunidades de terreiro, pautada nos ideais e princípios próprios a essa matriz religiosa, que incluem o acolhimento da diversidade e o vínculo com a ancestralidade. |