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Este artigo propõe uma análise sobre o deslocamento dos bolivianos para o Brasil a partir das histórias de vida dos sujeitos envolvidos em tais tramas históricas. Por este trabalho ser desdobramento da dissertação de mestrado, que nos permitiu uma imersão profunda no cotidiano de imigrantes desde os seus lugares de origem aos de destino, em busca de saberes qualificados pelas experiências dos que sazonalmente se deslocam como andorinhas entre os altiplanos dos Andes e a cidade de São Paulo. No referido trabalho, foram abordados os processos históricos envolvendo um clã familiar boliviano (os Patzi), sua rede social e afetiva. Duas entrevistas foram realizadas com uma família transnacional que vive na Bolívia e no Brasil. Uma entrevista permitiu que visualizássemos a formação de uma rede de trabalhadores e donos de oficinas de costura em São Paulo. Duas nos levaram a uma rede de feirantes que trabalham na Praça Kantuta, em São Paulo, uma rede de intelectuais bolivianos e outra de retornados. As entrevistas foram analisadas a partir de um diálogo entre as próprias narrativas e suas linhas de argumentação temática. A partir dessa perspectiva, foi possível constatar que as identidades são concebidas como heterogêneas, em processo, em trânsito, articuladas por zonas de contato e trocas culturais. As memórias dos narradores revelam campos de disputas, manifestam a diversidade, as ambiguidades das reminiscências e de seus esquecimentos. As lembranças passaram por reapropriações culturais no processo de deslocamentos continentais e transfronteiriços no cenário latino-americano. |