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Este artigo busca descrever e analisar como, em Ressurreição, num exercício muito menos estético do que ético, Tolstói visa apontar os problemas de uma sociedade controlada pela Igreja e pelos valores da Modernidade, uma consequência de sua interpretação particular do cristianismo, o que o levou a criticar e a rejeitar a configuração de uma sociedade como era a russa do dezenove. Esta análise propõe demonstrar como a compreensão particular de cristianismo e religião aparece de forma geral na arte madura de Tolstói, partindo de sua crítica da civilização burguesa e da arte como sua linguagem de resistência e seu veículo propício para disseminação de valores que são comuns a toda a humanidade. O artigo desenvolve, numa visão mais ampla e contributiva a respeito do trabalho de Tolstói, a relação entre arte e religião como estabelecimento de sentido, moldando uma proposta ética de arte, demonstrando como, em Ressurreição, encontramos as respostas religiosas que o autor quer dar a seus questionamentos últimos, fazendo uma exegese da realidade e reagindo à modernidade, superando-a. |