Um novo bipolarismo: notas metodológicas para a definição do sistema internacional A new bipolarism: methodological notes for the definition of the international system

Autor: Ademar Seabra da Cruz Jr.
Jazyk: Spanish; Castilian<br />French<br />Portuguese
Rok vydání: 2006
Předmět:
Zdroj: Contexto Internacional, Vol 28, Iss 2, Pp 399-464 (2006)
Druh dokumentu: article
ISSN: 0102-8529
1982-0240
DOI: 10.1590/S0102-85292006000200003
Popis: O artigo parte de uma discussão metodológica para poder determinar as características do sistema internacional pós-1989. Textos da década de 1990 definiram o novo sistema a partir de variáveis tradicionais, assentadas no esquema de polaridades herdado da Guerra Fria e em instrumentos metodológicos do realismo nas relações internacionais. O advento da "nova fase" da globalização revelou que a visão dos eixos estruturantes do sistema a partir de vetores de poder estatal - em que se sobressaem os Estados Unidos - é insuficiente e distorce a real configuração de poder. A invasão do Iraque pelos EUA, em março de 2003, consistiu em laboratório para se determinar essa "real" distribuição de poder. Paralelamente à persistência de padrões de afirmação característicos da Guerra Fria (consubstanciados, por exemplo, na linguagem de que "quem não está conosco está a favor do terrorismo"), a inexistência de um competidor ou competidores estatais à altura dos EUA fez com que a invasão correspondesse não somente a uma violação da ética e do direito, mas também a um equívoco à luz dos próprios interesses norte-americanos, que perfizeram leitura do novo cenário internacional a partir de instrumentos e conceitos defasados. Dois elementos complementares desse novo cenário são explorados no artigo: a) o caráter progressivamente redundante e ineficaz de instrumentos bélicos para a promoção de "objetivos nacionais"; e b) a formação de um novo bipolarismo, conformado pela política externa republicana e pelo bloco da "sociedade civil internacional". Esta recorre a valores e utiliza-se de recursos de poder que a credenciam à condição de foco em um novo sistema internacional, caracterizado por modalidade inédita e atípica de conflito.This essay begins with a methodological discussion about the fundamental outlines of the post-1989 international system. Influential scholars have defined the new system according to traditional variables, dependent upon the polarities scheme inherited from Cold War times and on realist methodological premises. The emergence of a "new phase" of the globalization process showed that to consider state power as a structural axis of the system - in which the United States play a prominent role - is misleading and blurs the "real" configuration of power in this new system. The invasion of Irak by U. S. forces in march 2003 consisted in a privileged laboratory to determine this "real" configuration of power. Following the persistence of a pattern of power and language tone characteristic of the Cold War times (e. g., "who is not with us is in favor of terrorism"), the absence of a competitor or state competitors that could rival American power made the invasion more than a violation of principles of Law and Ethics. It can also be considered misleading and counterproductive in the light of American interests themselves, given its misperceptions and misconceptions of the new international realities. Two further components of this scenario are probed deeper in the essay: a) the redundancy and, to a certain extent, uselessness of military weapons for the promotion of the national interest; and b) the formation of a "new bipolarism", which opposes United States republican foreign policy and the rising bloc of global civil society. This bloc has amassed impressive power resources, which make it the focus of an emergent international system, characterized by a new and atypical modality of conflict. The many empirical evidences gathered in the essay will hopefully sustain this argument.
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