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A memória das lutas populares anda de par com a conscientização política da sociedade e, nesse sentido, a pesquisa com memória pode oferecer contribuições importantes para novas lutas emergentes. Neste artigo visamos discutir a relevância da reconstrução da memória política das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) no contexto brasileiro a partir de um desdobramento teórico de sugestões práticas feitas por Ignacio Martín-Baró. Destacamos a importância de um movimento social que emergiu das CEBs para o processo de redemocratização brasileira na década de 1980. Com aportes da Psicologia da Libertação, argumentamos que a reconstrução da memória das CEBs pode contribuir: (1) para a construção de movimentos sociais de resistência contra os recentes ataques aos direitos, oferecendo importantes lições sobre as suas formas de luta; (2) para desfazer mitos sobre a experiência das camadas populares na ditadura (1964-1985), mostrando que a resistência contra o regime militar não era exclusividade da esquerda tradicional, mas também contava com a revolta de populações periféricas; e (3) para reafirmar as virtudes populares, em particular a capacidade inventiva do povo na organização e mobilização por novas formas de relações sociais. Com isso, na linha de Martín-Baró, reivindicamos um lugar para a psicologia junto às maiorias populares. |