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Resumo Neste artigo pretendemos fazer ver de que modo a “revolução cartesiana” se revelou, para Nietzsche, uma resposta irrefletida a dispositivos inconscientes. A pretensa radicalidade da fundação da filosofia de Descartes e os desdobramentos desta teriam se dado pela intromissão dos seguintes fatores de ação inconsciente: o anseio por acomodação fisiopsicológica por trás do cogito; a moralidade inconsciente a hierarquizar o inteligível como superior ao sensível e ao passional, bem como a fazer pressupor um mundo ordenado, dócil às ideias claras e distintas; um terceiro fator de atuação inconsciente seria as “teias da gramática”, que o fizeram se limitar a inverter a primazia entre “eu” e “penso”, proporcionando ao pensar, e a seus resultados científicos subsequentes, uma ação de estrangulamento do que até então se tinha pela noção de alma. Esse quadro só fez se agravar até a segunda metade XIX, momento em que Nietzsche depara com a filosofia. |