MACROTROMBOCITOPENIA RELACIONADA À MUTAÇÃO GENE MYH9

Autor: AA Araujo, SM Luporini, FM Barbosa, ICO Hegg, M Pizza, ML Borsato, LMG Coelho, P Bruniera
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2023
Předmět:
Zdroj: Hematology, Transfusion and Cell Therapy, Vol 45, Iss , Pp S601-S602 (2023)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2531-1379
DOI: 10.1016/j.htct.2023.09.1097
Popis: Introdução: Entre as trombocitopenias congênitas, há um grupo de doenças causadas por um defeito no gene MYH9, localizado no cromossomo 22q12-13 que codifica a cadeia pesada da miosina não muscular IIA. Em plaquetas ela é a principal isoforma dessa proteína que, em combinação com actina gera força mecânica via mecanismo contráctil ATP-dependente ‒ para rearranjo do citoesqueleto enquanto as plaquetas realizam várias funções dinâmicas ‒ agregação, secreção de substâncias biologicamente ativas e contração do coágulo sanguíneo. Mutações de MYH9 são herdadas na forma autossômica dominante em heterozigose (forma homozigótica é letal) e causam um grupo de desordens relacionadas, com prevalência de 3 casos/1.000.000 população geral. Podem manifestar-se com síndrome hemorrágica e, às vezes, em combinação com perda da audição, nefropatia e catarata. Distúrbios relacionados a mutações do gene MYH9 (MYH9-RD) incluem ‒ síndrome Epstein, Fechtner, Sebastian e Anomalia de May-Hegglin. Relato do caso: Masc, 2a, br, pais não consanguíneos, encaminhado para hematologia aos 8m, após internação por bronquiolite. Na internação ‒ plaquetas de 8.000 μL, recebeu IgIV e pulsoterapia com metilprednisolona, sem resposta. Manteve-se sem sangramentos ativos. Alta com prednisolona oral em baixas doses. Aos 7m ‒ hemograma rotina – contagem de plaquetas 49.000/53.000). Ex. Físico – Corado, anictérico, eupneico. Ausência de sufusões hemorrágicas superficiais em pele e/ou mucosas. Hemograma – E 4.11 Hb 11.7 VCM 78.2 HCM 28.2 Leuco 13.600 neutro 5.300 Plaq 6.000 μL. Mielograma ‒ normal. Evoluiu com plaquetopenias entre 47.000‒60.000 μL. Esfregaço sangue periférico – plaquetopenia com frequentes macroplaquetas e plaquetas gigantes, inclusões granulocíticas (corpos de Döhle). Investigação molecular – Lab Mendelics – identificou em heterozigose, mutação gene MYH9 (Myosin Heavy chain 9) – mutação c.283G>A, /p.Ala95Thr – já descrita previamente na literatura médica associada ao quadro de macrotrombocitopenia e inclusões granulocíticas com ou sem nefrite ou perda auditiva. Atualmente, segue na hematologia e genética, (E 4.41 Hb 12.9 Hto 36.6 VCM 86.6 Leuco 8.100 neutro 2100 Plaq 46.000, funções ‒ renal e hepática normais). Discussão: Variantes patogênicas em heterozigose no gene MYH9 estão associadas a macroplaquetas e trombocitopenia, presentes ao nascimento. Adicionalmente, ocorre de forma variável, na infância ou em adultos jovens, perda auditiva neurossensorial, catarata, nefropatia. Relatos de pacientes com esta mutação (c.283G>A, p.Ala95Thr) tem menor risco de desenvolver nefropatia e catarata, mas tem sido associada com surdez antes dos 60 anos. O diagnóstico é estabelecido pelo achado de agregados típicos da proteína MYH9 em neutrófilos ‒ análise esfregaço de sangue periférico e/ou por identificação de uma variante patogênica em heterozigose no gene MYH9. Em nosso caso, o diagnóstico de Anomalia de May-Hegglin/Síndrome de Sebastian foi feita. Síndromes de Fletchner e Epstein foram excluídas, provisoriamente, pela ausência de manifestações clínicas características – nefropatia, surdez e catarata. Conclusão: Em pacientes no primeiro ano de vida com plaquetopenia persistente está indicada análise de esfregaço de sangue periférico para avaliação morfológica das plaquetas permitindo rápido diagnóstico, melhor escolha terapêutica e acompanhamento precoce das possíveis manifestações não hematológicas.
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