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A experiência histórica portuguesa pós-1974 propiciou a difusão de romances de notável arrojo ético-estético. As naus (1988), de António Lobo Antunes, é prosa que remete à tradição literária enformadora da cultura lusa, em que Os Lusíadas, de Camões, e a Mensagem, de Pessoa, são pilares para o estabelecimento de um grande diálogo mito-poético. Aliando mito e poesia, como propõe o teórico Northrop Frye, à noção de saudade, como traço português inerente (conforme Eduardo Lourenço e Teixeira de Pascoaes), este artigo propõe um estudo comparado do romance de Lobo Antunes especialmente à Mensagem (1934): um encadeamento que impele a revisitação ao icônico épico de Camões. Recorrendo-se, ainda, aos conceitos de romance histórico, de György Lukács, e de dialogismo, de Mikhail Bakhtin, o trabalho amplifica discussões suscitadas pelo romance em causa: a tensão entre a história hegemônica e a vida comum, a tradição literária e os impasses político-sociais do século XX |