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O presente trabalho pretende analisar possíveis relações biográficas de Virginia Woolf no romance Mrs. Dalloway, de 1925. Na vasta bibliografia literária da autora, apenas em Mrs. Dalloway aparece uma personagem suicida, Septimus Warren-Smith, o que nos leva a refletir sobre as escolhas de Woolf na construção da personagem e em sua apresentação na trama. Segundo o teórico literário, Maurice Blanchot, a literatura é estritamente um espaço de morte, portanto, considerando esse aspecto, a personagem Septimus Warren-Smith poderia apresentar indícios de um evento premonitório: o suicídio da autora alguns anos depois. Virginia Woolf demonstra, por meio de alguns registros, a importância da escrita para sua vida ao utilizar do espaço literário como um exercício catártico de sua relação com o mundo. A intenção do artigo consiste em identificar uma possibilidade de sobrevida da autora a partir da morte de Septimus Warrren-Smith no romance. Para isso, recorreu-se ao conceito de ajustamento criativo da Gestalt-Terapia, através dos estudos de Perls (1977); Hefferline (1997); Goodman (1997), com objetivo de alucidar a relação da autora com seu fazer artístico e sua suposta sobrevida, como também, aos ensaios de Marice Blanchot (1987; 2011) acerca da atividade literária e sua correspondência com a morte. Além disso, com a intenção de possibilitar uma visão abrangente dos fatos envolvidos – estéticos e biográficos – foram necessários somar às ferramentas metodológicas da Teoria da Literatura, como James Wood (2012), e dos Estudos Culturais, como Foucault (2001), aspectos da psicanálise asseverados por Freud (2010) e estudos sobre atributos biográficos elaborados por Bourdieu (2006). |