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Jerusalém de Gonçalo M. Tavares, objeto base das análises empreendidas neste artigo, estabelece interlocuções com diversos discursos produzidos em diferentes épocas. Entre eles se podem contar os discursos filosóficos, sociológicos e religiosos. As relações intertextuais ocorrem tanto no domínio verbal quanto nos domínios do silêncio. Elas se apresentam de forma explícita, por vezes, e de modo mais velado, por outras. O objetivo fulcral deste trabalho consiste na articulação das interfaces entre literatura, trauma, silêncio e vazio à luz dos estudos sobre intertextualidade, especialmente de Júlia Kristeva. Valendo-se dos expedientes do silêncio e do vazio, afloram as memórias de dor, sofrimento e morte. Os vazios rondam as personagens de Jerusalém e encontram-se repletos de silêncios. Tais silêncios potencializados revelam a existência de diferentes discursos. Convocam-se estudos relacionados ao silêncio, desenvolvidos por Eni P. Orlandi, para dar suporte às discussões. Quanto à problemática do vazio, recorre-se principalmente aos apontamentos de Gilles Lipovetsky. |