Popis: |
A síndrome pós-COVID-19 é definida por sintomas persistentes e/ou complicações tardias pelo vírus SARS-CoV2 após 4 semanas do início dos sintomas. A fisiopatologia do COVID Longo ainda é pouco compreendida, o que dificulta a identificação de marcadores diagnósticos e o desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes. Objetivo: Investigar as características clínicas e perfil vacinal de pacientes com COVID Longo pós internação. Material e métodos: Estudo de coorte observacional prospectivo de pacientes com idade ≥18 anos previamente internados por COVID-19. Os pacientes foram recrutados de 12/07/2022 a 31/07/2024 no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) no Rio de Janeiro. Excluídos participantes com uso prévio ou atual de anticoagulantes, ou doenças terminais. Foram realizadas duas visitas presenciais com hematologista e uma telefônica (V1, V2 e V3, respectivamente em 0, 3 e 6 meses após a inclusão). Resultados: 428 pacientes foram atendidos, sendo 218 do sexo masculino (50,9%). A mediana e IQR de idade dos participantes foi de 58 (48‒67,7) anos. Durante o acompanhamento, 5 (1,1%) indivíduos não receberam nenhuma vacina, 53 com até duas doses (12,3%) e 354 com pelo menos 3 doses de vacina (82,7%) e 16 não informaram seu status vacinal (3,7%). Na V1, 131/428 (30,6%) e 38/428 (8,8%) dos pacientes apresentaram sinais ou sintomas sugestivos de eventos trombótico ou hemorrágico, respectivamente. Na V2, 74/214 (34,6%) e 13/214 (6,0%) dos pacientes apresentaram sinais ou sintomas sugestivos de evento trombótico e hemorrágico, respectivamente. Na V3, 49/129 (37,9%) e 8/129 (6,2%) pacientes apresentaram sinais ou sintomas sugestivos de evento trombótico ou hemorrágico. Houve documentação com doppler de 3 pacientes com trombose venosa profunda antiga em veias femoral comum, poplítea e fibular proximal ou 2 doença arterial obstrutiva periférica. Retrospectivamente, avaliamos que durante internação por COVID-19, 15 (3,5%) pacientes desenvolveram a forma leve; 113 (26,4%) forma moderada; 195 (45,5%) pacientes tiveram a forma grave (que exigiu suporte com oxigênio); e 66 (15,4%) tiveram a forma crítica (complicada com insuficiência respiratória, síndrome do desconforto respiratório agudo, sepse, tromboembolismo, e/ou falência de órgãos incluindo lesão renal aguda e cardíaca). Em relação à imunização, 222 (51,8%) pacientes não haviam tomado nenhuma dose de vacina antes da internação e em 109 (25,4%) o histórico vacinal não foi informado. Os imunizantes mais frequentemente utilizados em primeira dose de vacina foi ChadOx1 174 (40,6%), seguido de CoronaVac 106 (24,7%). Discussão: Nosso estudo evidencia a diversidade de manifestações clínicas em pacientes hospitalizados com COVID-19; a maioria com formas graves e críticas da doença, o que sugere a severidade inicial como um fator relevante para os sintomas persistentes. A baixa taxa de vacinação inicial pode ter contribuído para a gravidade da doença, enquanto a maioria dos pacientes estava vacinada no acompanhamento, sugerindo adesão à vacinação pós-hospitalização. A alta incidência de sintomas trombóticos e hemorrágicos ao longo do tempo aponta para a necessidade de monitoramento contínuo. Conclusão: A gravidade inicial e o perfil vacinal influenciam os sintomas persistentes de COVID. A vacinação é crucial para mitigar a gravidade dos sintomas, reforçando a importância das campanhas de imunização. |