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Este artigo discute, com base em uma pesquisa realizada em uma escola pública municipal na Baixada Fluminense - Rio de Janeiro, as associações entre rótulos escolares e expectativas de futuro. Definimos rótulo com base na perspectiva de Becker (2008), aplicando a teoria da rotulação ao campo educacional a partir da abordagem de Rist (1977), e conectando-a à discussão sobre profecias autorrealizadoras (Merton, 1968). Por meio de entrevistas em profundidade com três gestores e nove professores de uma escola pública municipal, investigamos as percepções sobre as trajetórias escolares e suas expectativas para o futuro educacional dos alunos do 9º ano do ensino fundamental, com o objetivo de compreender de que forma as expectativas escolares sobre os alunos podem afetar as ações dos agentes escolares no contexto escolar. Encontramos processos de rotulação dos alunos com base em fatores extraescolares (origem familiar, nível socioeconômico) e intraescolares (desempenho, comportamento). Para analisá-los, propusemos uma categorização dividindo-os em positivos, flutuantes e negativos. O estudo concluiu que os processos de rotulação estão associados a expectativas de futuro desiguais, que configuram-se como profecias autorrealizadoras: rótulos positivos conectam-se com altas expectativas de escolarização, ao passo que rótulos negativos vinculam-se a baixas expectativas escolares. |