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O presente texto consiste em um ensaio interpretativo sobre o(s) sentido(s) do objeto espelho na Grécia egeia (em contraste à Grécia ocidental/colonial), com base na iconografia, levando em consideração dois repertórios imagéticos distintos: a pintura dos vasos áticos (final do sexto a início do quarto século) e a decoração figurada dos espelhos em si, em relevo e gravada por incisão (final do quinto a início do terceiro século). O foco central de análise é a iconografia registrada nos espelhos produzidos nos quatro principais centros da indústria grega de espelhos (Atenas, Corinto, Cálcis, Jônia). Dentre os três tipos de espelho produzidos, quais sejam, espelho de mão, espelho de mesa e espelho de caixa, é fundamentalmente o terceiro tipo que contribui para este estudo. Os espelhos de caixa podem portar iconografia em sua cobertura dobrável, em relevo na superfície externa e gravada por incisão na superfície interna. Em contraste com a iconografia de vasos da Magna Grécia, em que o componente místico se sobressai entre vários simbolismos, no caso da iconografia do/no espelho produzida na Grécia egeia prevalece o simbolismo erótico e a ligação com Afrodite, por meio de cuja proteção se acolhem todas as categorias de mulheres (hetairas, “mulheres-cidadãs” casadas ou noivas) e todos as modalidades de amores – o poder simbólico do espelho estaria relacionado a um erótica inclusiva, que une sob a égide do amor e desejo aquilo que a sociedade separa. |