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Objetivando aprofundar o debate sobre a circulação dos saber e a recepção intelectual, busca-se no presente artigo compreender as vicissitudes do debate acerca do chamado fenômeno da polarização e da teoria dos polos de desenvolvimento no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), notadamente por meio da análise da Revista Brasileira de Geografia, uma das suas principais publicações. Com isso, tenta-se delimitar quais os artigos divulgados que acabaram por modular a discussão sobre o assunto no campo da geografia. O tema da polarização ganhou mais atenção nas décadas de 1960 e 1970, coincidentemente quando os governos militares do Brasil sistematizam políticas governamentais de planejamento urbano e regional. Em plena Guerra Fria, a difusão de estratégias e técnicas para o desenvolvimento social e econômico tinha um papel fundamental e, para o caso em tela, nota-se que inicialmente o IBGE teve uma influência marcada pela interpretação de Michel Rochefort, quem colaborou com essa instituição. Com a ascensão de Speridião Faissol dentro do IBGE é perceptível uma mudança interpretativa a respeito da polarização e da teoria dos polos, que passa a adotar outras metodologias e referências teóricas mais ligadas à geografia discutida nos Estados Unidos e na Inglaterra, mesmo que não exista uma ruptura total com as problemáticas de pesquisa que haviam sido propostas por Rochefort. Dessa feita, o escrutínio dos artigos publicados pela Revista... pode delinear quais os argumentos e matizes do debate, em um momento, por um lado, interessante para o IBGE face ao intercâmbio científico da instituição com o exterior, e, por outro, de risco para o campo da Geografia, pois os economistas eram cada vez mais instados a pensarem o planejamento regional e urbano. |