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Objetivo: Avaliar a frequência de consulta odontológica antes do transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH) no Instituto Nacional de Câncer. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo observacional, descritivo, transversal, retrospectivo, com base em dados secundários provenientes dos prontuários da instituição. Foram incluídos pacientes submetidos ao TCTH na instituição, no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2023. As variáveis de interesse foram referentes às características epidemiológicas, diagnóstico e tratamento oncológicos e consulta odontológica na Instituição antes do TCTH. Os dados foram submetidos à análise descritiva no programa estatístico SPSS. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa responsável (CAAE 79133224.0.0000.5274; parecer 6.834.603). Resultados: Entre 2020 e 2023 foram realizados 276 TCTH na Instituição. Destes, 129 foram alogênicos e 147 autólogos, tendo 2023 (29,5%) e 2021 (32,7%) como os anos de maior número de transplantes, respectivamente. Dentre os pacientes submetidos ao transplante alogênico, a maioria era do sexo masculino (52,7%), com 40 anos e diagnosticados com Leucemia Mielóide Aguda (31,7%). Os transplantes alogênicos aparentados foram maioria (43,4%). No transplante autólogo, houve predominância de mulheres (59,9%), com 50 anos e diagnosticadas com Mieloma Múltiplo (42,2%). Para ambos os tipos de transplante, o sangue periférico foi a fonte de células mais utilizado, representando 64,3% nos alogênicos e 99,3% nos autólogos. A realização de consulta odontológica antes do TCTH, na Seção de Odontologia do hospital, ocorreu em 86,6% considerando ambos os transplantes, 77,5% nos transplantes alogênicos e 94,6% nos autólogos. Discussão: O tratamento citotóxico realizado antes do TCTH resulta em neutropenia e trombocitopenia transitórias, tornando o paciente suscetível a complicações como hemorragia e infecção, inclusive na cavidade oral, que podem ter consequências fatais. O preparo odontológico tem por objetivo a eliminação de focos infecciosos dentários crônicos ou agudos com a intenção de prevenir complicações durante e/ou após o tratamento que podem ocorrer devido a aplasia apresentada por esses pacientes. O encaminhamento dos pacientes para o cirurgião-dentista deve fazer parte do check list dos centros transplantadores. A avaliação em um serviço odontológico especializado que faz parte da equipe multiprofissional permite um atendimento realizado por profissionais com expertise na área permitindo um alinhamento do plano de tratamento com a equipe médica. Um estudo realizado em Edimburgo refere que 94,7% dos pacientes transplantados realizaram consulta odontológica prévia, o que se assemelha à taxa de encaminhamento observada para os transplantes autólogos neste estudo e é superior à constatada nos transplantes alogênicos. Vale ressaltar que os pacientes que não foram avaliados pelos cirurgiões-dentistas da Instituição podem ter sido avaliados nos hospitais de origem. Conclusão: A frequência de avaliação odontológica antes do TCTH no Instituto Nacional de Câncer foi alta para ambos os tipos de transplante, apesar de menor no transplante alogênico. Desta forma, ratifica-se a necessidade de educação continuada da equipe multiprofissional para reforçar o fluxo de encaminhamento, assim como, da importância de cirurgiões-dentistas especializados na Instituição para realizar o atendimento destes pacientes. |