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O objetivo deste artigo é o de estabelecer uma narrativa macrohistórica acerca da emergência da guerra e da ética social como condições simplesiomórficas na linhagem de Homo sapiens. Isso significa que esses dois aspectos comportamentais, que representam um ramo bastante seleto na árvore filogenética da ordem dos Primatas, são compartilhados por duas linhagens de grandes símios africanos que divergiram de um ancestral comum por volta de seis milhões de anos atrás, resultando em humanos e chimpanzés extantes. Dessa forma, o artigo propõe uma interpretação etológica para a guerra e para a ética social, sendo ambas inatas de uma mente social modular altamente especializada, presente tanto nas espécies do gênero Homo quanto do gênero Pan. Não obstante essa interpretação, o artigo conclui que restrições comportamentais à violência interssocietária coalizacional parecem ser um aspecto exclusivo da cognição modular transdominial que caracteriza os humanos modernos. Assim, se na longa duração evolucionária, a guerra e as restrições à violência intrassocial aparecem em certa medida como traço etológico comum a humanos e chimpanzés, uma ética da guerra – e a capacidade cognitiva para a paz interssocietária – parece ser uma capacidade exclusivamente humana. |