NEURORRETINITE POR BARTONELLA HENSELAE: RELATO DE CASO DE UMA MANIFESTAÇÃO INFREQUENTE DA DOENÇA DA ARRANHADURA DO GATO

Autor: Victor Mourao Vilela Barbosa, José Moacir Machado Neto, Fernando Silva da Silveira, Juliana Carvalho Farias, Eveline Fernandes Nacimento Vale
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2023
Předmět:
Zdroj: Brazilian Journal of Infectious Diseases, Vol 27, Iss , Pp 103560- (2023)
Druh dokumentu: article
ISSN: 1413-8670
DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103560
Popis: Introdução: A infecção pela bactéria B. henselae, conhecida como Doença da Arranhadura do Gato, pode levar a sintomas com amplo espectro de gravidade e manifestações clínicas, tipicamente se apresentando com um quadro autolimitado e benigno, iniciado por lesão cutânea no local da inoculação, que se desenvolve em média de 3 a 10 dias após a infecção. Cerca de 2 semanas após o inóculo, costuma surgir quadro de linfonodomegalia próxima à lesão cutânea. No entanto, cerca de 5 a 10% dos casos podem manifestar-se por envolvimento ocular, tornando o olho o segundo local mais comum de afecção pela doença. Quando envolve o sistema nervoso central, a doença pode afetar os pares cranianos, acarretando uma neurorretinite unilateral. Descrição do caso: Paciente do sexo feminino, 17 anos, internada no Hospital de Base do Distrito Federal devido à febre com duração de dois dias, cefaleia intensa em região frontotemporal esquerda, dor à mobilização ocular e redução da acuidade visual. Somado a isso, apresentou hematomas espontâneos pelo corpo, esquecimentos frequentes, parestesia e edema em membro superior esquerdo. Quanto à epidemiologia, residia em área rural, tendo contato com cavalos, cães e gatos não vacinados. Um dos gatos faleceu um mês antes do início do quadro por causa indeterminada. Ao exame físico, apresentava força muscular normal em dimídio direito e grau 4 em dimídio esquerdo, sinal de Hoffman e Tromner positivos bilateralmente. A fundoscopia demonstrou papiledema bilateral, mais severo e com estrela macular no olho esquerdo. No exame abdominal, possuía dor à palpação e baço palpável. Durante a internação, a tomografia de abdome confirmou a esplenomegalia. Na investigação diagnóstica, foi submetida à punção lombar, com líquor sem alterações. Também foi realizada sorologia para Bartonella henselae com IgG +1:400 e IgM negativo. Diante desse resultado, foi iniciado tratamento para bartonelose ocular com rifampicina, doxiciclina e prednisona e a paciente apresentou melhora expressiva da acuidade visual e dos sintomas neurológicos. Comentários: A apresentação ocular bilateral e o acometimento do sistema nervoso central em uma paciente previamente imunocompetente sustentam a característica incomum do caso, tipicamente marcado apenas por linfadenopatia e sintomas leves, autolimitados, em pacientes dessa natureza. Portanto, é fundamental manter a suspeição clínica e as medidas de prevenção adequadas, mesmo dentro da população geral.
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