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No Brasil, o racismo estrutural é uma realidade cotidiana para a população negra. Quando surge uma pandemia como a do COVID-19, essas pessoas estão muito mais expostas ao risco de contrair a doença e, consequentemente, têm mais chances de morrer. O conceito de necropolítica (MBEMBE, 2018) é útil para compreender as relações entre racismo e morte na pandemia. E, de fato, a população negra foi a que mais sofreu com as consequências da doença, tanto em mortalidade quanto de morbidade. As desigualdades também se expressaram, por exemplo, na maior exposição dos trabalhadores negros às chamadas atividades essenciais, e em um menor acesso às informações sobre a pandemia e às redes de suporte necessárias para enfrentar o problema. Guiado pelo racismo estrutural, ou seja, pelas desigualdades raciais que permeiam todas as esferas da sociedade, ficou claro nesse processo o poder de determinar quem deve viver e quem deve morrer. As Comunidades de terreiro são redes de apoio para a população negra e periférica nas comunidades, e que durante a pandemia foram obrigados a se adaptar, criar estratégias de assistência às suas comunidades e ainda enfrentar o aumento da violência contra seu povo, já que são alvos frequentes de ataques racistas. Este trabalho tem como objetivo contextualizar o racismo estrutural, sistêmico e religioso vividos pelo povo de santo, apontando as suas estratégias de sobrevivência em meio à pandemia e a um Estado necropolítico e necrorreligioso governado por uma extrema-direita cristã. |