PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E IMPACTOS FINANCEIROS DAS INTERNAÇÕES POR ANEMIA FERROPRIVA NA POPULAÇÃO BRASILEIRA EM CINCO ANOS (2019-2023)

Autor: RS Giuliano, SC Oliveira, ACJ Costa, BJP Rabello, CDC Lima, DD Barros, HCL Filho, MLB Neto, VLF Santos, NBA Miranda
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2024
Předmět:
Zdroj: Hematology, Transfusion and Cell Therapy, Vol 46, Iss , Pp S1068-S1069 (2024)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2531-1379
DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.1872
Popis: Introdução: Anemia ferropriva é definida pela Organização Mundial de Saúde como a contagem da hemoglobina sanguínea abaixo do normal por carência de ferro, gerando redução da capacidade cognitiva, entre outros prejuízos à saúde como fadiga e fraqueza. Por se tratar de uma afecção carencial e, portanto, evitável, urge conhecer o perfil epidemiológico e quantificar o dispêndio desse agravo para justificar e planejar ações em saúde. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico e os gastos do Sistema Único de Saúde com internações por anemia ferropriva no Brasil, entre os anos de 2019 a 2023. Métodos: Estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, com dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS), coletados da plataforma DATASUS. Os dados de internações e de gastos financeiros por esse agravo, entre janeiro de 2019 a dezembro de 2023, foram analisados pelo Microsoft Excel e fez-se o teste de correlação de Pearson via software R. Resultados: No período foram registradas 62.978 internações no Brasil, com maior incidência em pessoas do sexo feminino (58,3%), na faixa etária acima de 40 anos (76,3%) – principalmente de 70 a 79 anos (17,4% do total) e 80 anos ou mais (17,7% do total) – e na etnia parda (41,4%), seguida da branca (34%). A análise das internações por região revela que 41,4% se deram no Sudeste, 26,2% no Nordeste, 15,9% no Sul, 8,4% no Norte e 8,2% no Centro-Oeste. Por unidades da federação, as internações concentraram-se em São Paulo (23,2%), seguido de Minas Gerais (11,5%), Paraná (7,2%) e Bahia (7,0%). No que tange o dispêndio financeiro no período, R$27.288.876,61 foram gastos nessas internações e nota-se – apesar de discreta queda de 0,1% em 2020 – tendência estatisticamente significante de aumento com a progressão dos anos, corroborada por um alto coeficiente de correlação de Pearson (r = 0,9686, IC95% = [0,593; 0,998], valor-p = 0,006663), que indica uma forte associação linear positiva entre as variáveis. No início do período, foram gastos R$4.310.584,38 com 10.983 internações enquanto ao final foram R$6.782.648,32 com 14.657 internações – um aumento médio anual de R$618.015,99 e 919 internações. Além disso, o valor investido foi maior nas regiões e estados com maior incidência de internações. Discussão: Nota-se que os resultados apresentados concordam com a literatura científica. Observa-se mais internações no sexo feminino, possivelmente relacionado à significante perda sanguínea na menstruação; a predominância de idosos dentre os internados pode se associar ao maior uso de medicamentos, capazes de alterar o metabolismo do ferro, nesse grupo. Por outro lado, apesar de a literatura relatar maior prevalência do agravo no Nordeste e Centro-Oeste, encontrou-se maior número de internações no Sudeste, o que pode ser atribuído a um maior acesso a recursos nessa região. Por fim, a inesperada, ainda que discreta, queda nas internações e valor gasto no ano de 2020 podem associar-se a uma relutância em buscar serviços de saúde devido à pandemia de COVID-19. Conclusão: O perfil epidemiológico da anemia ferropriva no Brasil é de indivíduos do sexo feminino, maiores de 40 anos, pardos e a maioria das internações ocorreu no Sudeste. Ainda, o custo devido à crescente incidência de internações por esse agravo revela necessidade de maior investimento em medidas preventivas à carência de ferro, a fim de evitar internações, o que há de poupar gastos e promover a saúde da população.
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