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Introdução: O Vírus linfotrópicos de células T Humanas 1 e 2 (HTLV-1, HTLV-2) pertencem à família Retroviridae , gênero Deltaretrovirus. Possuem semelhantes mecanismos de ação com tropismo por linfócitos T e uma associação com raras doenças linfoproliferativas. A infecção pelo HTLV-1 está associada ao desenvolvimento da Leucemia/Linfoma de Células T do Adulto (LLTA) e da Paraparesia Espástica Tropical ou Mielopatia Associada ao HTLV-1 (PET/MAH). O HTLV-2, menos patogênico que o HTLV-1, é prevalente entre usuários de drogas intravenosas. A transmissão do vírus ocorre por contato sexual, via transplacentária e transfusão de hemocomponentes contaminados. A triagem sorológica para HTLV-1/2 passou a ser obrigatória no Brasil em 1993, por meio da Portaria nº 1.376 do Ministério da Saúde. Objetivo: Avaliar a soroprevalência de HTLV-1/2 em doadores de sangue do Instituto de Hematologia e Hemoterapia do Amapá-HEMOAP, no período de 2020 a 2022. Material e métodos: Foi realizado um estudo quantitativo, descritivo e retrospectivo com uma busca de dados no sistema HEMOVIDA do HEMOAP, onde a triagem sorológica era realizada através da eletroquimioluminescência (imunoensaio de 4ª geração), pelo sistema automatizado COBAS 6000 E601. Resultados: No período do estudo 40.766 doadores foram considerados aptos à doação, desse total, 73 (0,2%) apresentaram sorologia reagente para HTLV-1/2 pelo método de Eletroquimioluminescência (ELECSYS HTLV I/II). A análise da distribuição dos casos em função do gênero mostrou um maior percentual no gênero feminino com reatividade em 41 (56,2%) doadores do que no gênero masculino com 32 (43,8%) amostras reativas. Discussão: As mulheres apresentaram uma maior prevalência da infecção pelo HTLV-1/2 do que os homens. A transmissão do HTLV-1/2 é mais eficiente de homens para mulheres do que o inverso, ou seja, as chances de transmissão de HTLV-1/2 de homem para mulher é de 60%, enquanto o contrário é de menos de 1%. Isso justifica-se devido às maiores concentrações de linfócitos no sêmen do que nas secreções vaginais. Estima-se que cerca de 800 mil pessoas estejam infectadas por HTLV-1 no Brasil, sendo a infecção pelo HTLV-1 mais prevalente em mulheres negras/pardas, com menor escolaridade e aumenta com a idade, devido ao aumento da probabilidade de aquisição de HTLV-1/2 ao longo do tempo. Conclusão: O HTLV-1/2 é um problema de saúde pública negligenciado mundialmente e o Brasil apresenta o maior número absoluto de pessoas convivendo com o vírus. Os achados da presente pesquisa estão em consonância com outros estudos. Apesar da baixa prevalência de indivíduos infectados, devem ser implementadas medidas eficazes de saúde pública para prevenir a disseminação vírus. |