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As acções corporais e colectivas provocadas nos actores durante a rodagem de um documentário, transformam-se, muitas vezes, em fortes desencadeadoras de memórias físicas, afectivas e comunitárias. No meu filme Prazer, Camaradas! (2019) colocar os protagonistas a dançarem, a lavarem a roupa no tanque colectivo, ou a realizarem uma assembleia de cooperadores, reacendeu e reconstruiu memórias da vivência de portugueses e estrangeiros nas cooperativas do Ribatejo. No pós-25 de Abril, outros filmes optaram por este dispositivo, como por exemplo Candidinha ou a Ocupação de Um Atelier de Alta-Costura (1975), de António de Macedo, ou Pela Razão Que Têm (1976), de José Nascimento. Prefiro chamar a esta provocação da memória não uma reconstituição do passado, mas uma dramatização de memórias: os actores não se comportam tal e qual como num tempo recôndito, mas trazem para os seus corpos e vozes o presente em forte negociação com o passado. |