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Este artigo é o relato de uma atividade de leitura que aborda a identidade da mulher. Nosso objetivo é analisar as discursividades que compõem respostas de alunos e que produzem sentidos acerca da condição da mulher retratada na letra da música “Mulheres de Atenas” de Buarque e Boal (1976). Ao trazer questões sociais para o contexto de sala de aula, levamos em conta a importância crescente das lutas por direitos de grupos minoritários, dentre os quais se destacam os debates sobre a identidade da mulher. Utilizamos os conceitos da Análise de Discurso de linha francesa, como formação discursiva, efeitos de sentido, interdiscurso e sujeito, baseados em autores como Althusser (1970), Authier-Revuz (2004), Brandão (2004), Pêcheux (1978) e Orlandi (2009), entre outros. A geração dos dados foi feita por meio de um questionário aplicado a uma turma de 7º ano do Ensino Fundamental regular, com auxílio da ferramenta Google Forms e do aplicativo de aparelhos celulares WhatsApp, entre junho e julho de 2019. Gestos de leitura da composição musical apontaram para a constituição discursiva de diversos sujeitos, evidenciando sempre a presença de um outro, num interdiscurso que implica um lugar social e uma constituição identitária transitória, afirmando ora a adolescência, ora a condição adulta, ora o estudante, ora o trabalhador que concorre por trabalho no mercado. Nas palavras dos respondentes ao questionário, identificamos a percepção de violências contra a mulher, da subordinação aos maridos à ausência de reconhecimento por seu trabalho, desumanização e objetificação. |