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Objetivos: Avaliar os efeitos da trombomodulina (TM) na geração de trombina ex-vivo em pacientes com Doença Falciforme (DF), usando o ensaio ThromboScreen ST Genesia. Materiais e métodos: O protocolo do estudo teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE)-UERJ e todos os pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) antes de sua inclusão no estudo. Foram incluídos 25 pacientes com DF, acompanhados pelo ambulatório de Hematologia-HUPE, clinicamente estáveis, com idade superior a 18 anos, em uso ou não de hidroxi-ureia (HU), e sem uso de anticoagulantes. Após coleta, o sangue foi centrifugado e o plasma citratado pobre em plaquetas foi separado e armazenado a -80ºC. Para a análise, as amostras foram descongeladas em banho-maria a 37ºC e, a geração de trombina foi avaliada usando o reagente ThromboScreen no equipamento ST Genesia (Stago Diagnóstica, Asnières, França). O ST Genesia é um analisador de geração de trombina totalmente automatizado, desenvolvido para avaliar o potencial hemostático em pacientes com distúrbios trombóticos e hemofilias. O ensaio usando o reagente ThromboScreen permite monitoramento da formação de trombina na ausência e na presença de TM (proteína que se liga a trombina e ativa o sistema anticoagulante das proteínas C e S). Os parâmetros avaliados foram: lag time (início da formação da trombina), peak height (concentração máxima da trombina), Time to peak (tempo decorrido até a produção máxima de trombina) e ETP (potencial de trombina endógena) que é calculado através da área sob a curva e reflete o montante total de trombina gerada. A análise estatística foi realizada usando o Graph Pad Prism 5. Os dados foram checados quanto a normalidade pelo teste Shapiro-Wilk e comparados antes e após a adição de TM através do Teste t de Student pareado. Os dados foram expressos como média±desvio-padrão e o nível de significância estatística adotado foi de p < 0,05. Resultados: Dos 25 pacientes incluídos, 16 tinham HbSS, 4 HbSC, 4 HbSβ talassemia e 1 HbSα talassemia, 17 eram mulheres e 8 homens, 15 pacientes estavam em uso de HU e 10 não. A faixa etária dos pacientes foi de 31,28 ± 9,384 anos. O lag time foi significativamente mais prolongado na presença do que na ausência de TM (2,842 ± 0,5305 vs 2,623 ± 0,4594 min, p < 0,0001) e houve redução significativa de ETP (1113 ± 215,2 vs 992 ± 285,5 nM.min, p = 0,0016) na presença de TM. Não houve diferença estatística em relação ao peak height (240,8 ± 56,27 vs 240,1 ± 67,34 nM, p = 0,8773) e time to peak (4,649 ± 0,6523 vs 4,623 ± 0,6186 min, p = 0,1572) na ausência e presença de TM, respectivamente. Discussão: Nossos resultados preliminares sugerem que a presença de TM parece ter exercido seu efeito inibitório na geração de trombina através da ativação do sistema das proteínas C/S, prolongando o Lag time e diminuindo o ETP significativamente no plasma dos pacientes com DF. Conclusão: Esse estudo piloto sugere que a TM possivelmente esteja inibindo a geração de trombina ex-vivo em pacientes com DF. No entanto, é necessário aumentar o número de pacientes e incluir controles saudáveis para comprovar nossos resultados. Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). |