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RESUMO O retorno e o agravamento da fome na pandemia de covid-19 foram importantes retrocessos vividos pela população brasileira nos últimos anos, fruto de uma gestão governamental pautada na necropolítica, que se recusou a olhar e produzir políticas públicas destinadas às populações em situação de vulnerabilidades. O ato de comer, em si, é um produtor de saúde (física-mental), que foi negado a grande parte da população durante a pandemia. A presente pesquisa, produzida a partir da metodologia cartográfica, teve por objetivo investigar os arranjos de cuidado em saúde mental produzidos nos territórios, em comunidade, no bairro de Heliópolis, periferia da capital paulista. Entre os principais achados, destacam-se arranjos para ampliar a oferta de alimentos, resgate da importância política dos indivíduos residentes do território, marchas denunciando a situação da fome na periferia, bem como partilhas afetivas de histórias mediadas pela partilha da comida. Tais ações demonstram a importância do ato de comer como promotor de saúde (física-mental) e ressaltam a relevância das relações produzidas e mediadas pela comida. A luta pela alimentação e seu compartilhamento, em um cenário de desmonte político e retorno da fome no País, apresentou-se como uma forma de resistência e de enfrentamento coletivo à necropolítica. |