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Os personagens de Murilo Rubião, nos contos “A casa do girassol vermelho” (1947), “A flor de vidro” (1953) e “Petúnia” (1974), são vítimas de opressão inexplicável e incapazes de modificar a própria vida. A linguagem empregada nessas narrativas labirínticas é simples e concisa, o que aumenta a inverossimilhança, mas, paradoxalmente, gera uma perplexidade convincente, cabendo ao leitor interpretar os múltiplos significados sugeridos. Nesses contos, a flor – metáfora canônica da literatura – assume papel fundamental, desencadeando ou sumarizando os fatos da narrativa: um girassol vermelho, uma flor azul, petúnias e rosas pretas colaboram, assim, na estruturação do fantástico e assemelham-se às flores de Charles Baudelaire (1821-1867), uma vez que revelam a angústia da ausência, da violência e da morte. Entretanto, os olhos do contista brasileiro não são como os do poeta francês, que, em As flores do mal (1857), vibram nervosamente diante da catástrofe humana, clamando por entidades rejeitadas; pelo contrário, a seriedade das situações revelam um narrador cético e incapaz de sorrir diante do inexplicável. |