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Este artigo tem como foco a aquisição das categorias tradicionalmente nomeadas como aspecto lexical e aspecto gramatical, em sua relação com o tempo, em crianças nativas do português brasileiro (PB). A questão central que nos motiva é se há uma hierarquia dessas categorias durante o processo de aquisição, na discussão também sedimentada da Hipótese da Primazia do Aspecto Lexical e na Hipótese da Primazia do Aspecto Gramatical (DELIDAKI, 2006). Como pergunta conseqüente, as mesmas categorias mostraram-se conceitualmente frágeis diante da variedade de dados que nos emergiu. Logo, como primeira hipótese, podemos defender que o aspecto lexical desdobra-se à estrutura de evento, defendida desde Moens & Steedman (1988), e pontuada na derivação sintática desde Swart (1998), sob operações de aspecto gramatical e tempo. No entanto, as categorias parecem obedecer a uma hierarquia derivacional que toma léxico e gramática em duas ‘zonas’ de interpretação (SVENONIOUS & RAMCHAND, 2013). Conceitualmente, a noção de (a)telicidade em oposição à (im)perfectividade torna-se questionável, dada que a estrutura de evento codifica mais informações do que o telos da situação, como informação de causa, resultado, trajetória, lugar. Em dados longitudinais e de experimentos, coletados sob projeto de pesquisa na UFPR desde 2008, observamos que as crianças do PB lêem antes a configuração do evento e depois operam o tempo. Relativamente à convergência ‘télico/perfectivo’, verificamos assimetria entre dados de compreensão e produção. |