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Este ensaio pretende levar a cabo uma reflexão de teor epistemológico e metodológico sobre o objeto de pesquisa que pode ser designado como "o Oriente em/de Fernando Pessoa". Será defendida a tese de que não há vantagem em perspectivar um único e monolítico (conceito de) Oriente em Pessoa, mas antes vários orientes, não só porque os escritos de Pessoa se reportariam a mundos tão diversos quanto a Índia, a China ou a Pérsia, mas também por esses envios corresponderem a diversas necessidades, contextos e modos de escrita. Daqui se avançará a hipótese, partindo de uma análise crítica do trabalho de Edward Said, de que, na verdade, os Orientes pessoanos seriam melhor entendidos como interações com várias tradições textuais orientalistas. O presente artigo não pretende analisar um texto único de Fernando Pessoa que ilumine esta questão, mas introduzir uma reflexão, apoiada num roteiro de textos sobre a Índia, que esclareça as condições de possibilidade de uma investigação na área do(s) Oriente(s) em/de Pessoa. |