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O presente trabalho faz uma análise dos usos do viaduto Negrão de Lima, localizado em Madureira, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Planejado para auxiliar o escoamento do trânsito do bairro, o viaduto assume outros significados a partir das interferências baseadas na improvisação. A parte inferior do “Negrão de Lima” foi pensada apenas para permitir a circulação de pessoas por Madureira, cede espaço também para estacionamento, camelôs e, dependendo do trecho, assume a feição original idealizada pelos planejadores. Aliando pesquisa bibliográfica e etnografia, por meio de observação participante realizada na Feira das Brecholeiras, evento de brechós, realizado semanalmente embaixo do referido viaduto, que, ao reconfigurar o espaço da rua, reforça o imaginário de que eventos ao ar livre transformam o lugar, estimulam sociabilidades e o convertem em diferentes espaços de consumo, onde comércio, vínculos sociais e afeto são conceitos complementares. O objetivo central do artigo é mostrar que tais ocupações metamorfoseiam o “Negrão de Lima” em um lugar dotado de simbolismo e, portanto, em um espaço de consumo, que se torna fundamental para as relações sociais entre aqueles que interagem com o viaduto de alguma forma. Afinal, falar de consumo é entendê-lo como um dos principais mediadores das relações sociais, nas quais a sociabilidade é elemento de destaque. Os vários usos do “Negrão de Lima” geram diversas identificações e acabam lembrados como eventos cheios de significados como é o caso da Feira das Brecholeiras, O trabalho está ancorado em autores como Lívia Barbosa e Marc Augé. |