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Introdução/Objetivos: A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia onco-hematológica, cuja mediana de idade é de 70 anos. Nesse sentido, muitos pacientes com LMA não são candidatos preferenciais para quimioterapia intensiva. Com o desenvolvimento de novos fármacos, como agentes hipometilantes e inibidores do BCL2, muitos pacientes, que não seriam candidatos à quimioterapia intensiva, são agora candidatos a esquemas menos intensos e até mesmo transplante alogênico. No sistema público, ainda não há acesso fácil a esse tipo de tratamento. Desse modo, avaliar os fatores associados ao desfecho ruim nesse grupo de pacientes é importante para a definição de melhores estratégias de manejo de tratamento. Material e métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, utilizando dados dos internamentos de pacientes na unidade de Hematologia do Hospital Geral de Fortaleza, do período de 03/08/2015 a 19/07/2023. Os dados foram expressos em termos de mediana (intervalo interquartil - IQR). Foram utilizados testes não-paramétricos para avaliação de variáveis não pareadas. Para a avaliação de chance de sobrevida, foi utilizado o método de Kaplan-Meier, bem como o modelo de regressão de Cox. Foram considerados estatisticamente significativos valores de p-valor < 0,05. Para valores de p-valor entre 0,05-0,1, considerar-se-á tendência de associação significativa. Resultados: No período avaliado, foram compilados dados de 48 pacientes com LMA, dos quais 25% tinham mais de 60 anos. Na análise comparativa entre pacientes com mais de 60 anos e menos de 60 anos, houve diferença significativa entre D14 positivo (maior nos pacientes com mais de 60 anos; p-valor: 0,002); houve tendência de taxa de remissão completa após indução ser maior em pacientes com menos de 60 anos (p-valor: 0,072). Na análise através do modelo cumulativo de sobrevida, houve tendência de diferença significativa entre os dois grupos (18,8 meses em pacientes com menos de 60 anos x 5,7 meses em pacientes acima de 60 anos, p-valor: 0,069). Na análise do modelo de regressão de Cox, apenas ter atingido remissão completa na primeira indução (CR1) teve associação significativa, quando, analisada com sexo masculino, ter feito transplante alogênico e D14 positivo (p-valor: 0,02). Discussão: O tratamento de pacientes com LMA com idade elevada é um desafio, especialmente quando não se dispõe de novos medicamentos com menores índices de complicações infecciosas durante o tratamento. Na presente avaliação, pacientes com mais de 60 anos tiveram desfecho pior que pacientes com idade inferior. Conforme estudos atuais, o uso de agentes hipometilantes e inibidores do BCL2 parecem seguros e não inferiores na taxa de resposta do que esquemas clássicos, baseados em antracíclicos e citarabina. Conclusão: Apesar de não estatisticamente significativa, a chance de sobrevida global de pacientes com mais de 60 anos tratados com regimes clássicos de indução, a saber agente antracíclico e citarabina, não esteve associada a desfechos favoráveis nesse grupo de idade. Desse modo, é importante que esses pacientes sejam avaliados para novos tratamentos que têm demonstrado melhores desfechos. |